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Porque não faço kintsugi

Kintsugi (encaixe com ouro), kintsukuroi (reparo com ouro) ou maki-e (espalhar ouro sobre uma imagem, desenhar com ouro, em tradução livre), é a técnica que usa laca urushi de origem japonesa para reparar cerâmica quebrada, evidenciando suas marcas com pó de ouro, prata ou platina. A ideia é evidenciar a quebra, valorizando sua história, e não tentar escondê-la.



A filosofia do kintsugi é a mesma filosofia japonesa do wabi-sabi, de aceitar a imperfeição. A estética japonesa dá valor às marcas de uso do objeto. Além de valorizar o objeto em si. É consertar e manter seu uso, ao invés de se desfazer dele. É um não-apego, aceitar a mudança.


Tem muita relação com a cerimônia e os princípios básicos do caminho do chá, que são a harmonia (Wa), o respeito (Kei), a pureza (Sei) e a tranquilidade (Jaku).


O aperfeiçoamento da técnica exige estudo e muita prática. Mais que um conhecimento teórico, é preciso um longo caminho de peças quebradas e consertadas para chegar em resultados satisfatórios.


Existe o ponto certo de cada mistura. E o tempo de aplicação, antes que seque demais e fique imprópria pro uso.



Com a prática, aprendemos a controlar a quantidade de laca em cada pincelada, e assim melhorar o acabamento final da peça.



Também vamos entendendo qual o ponto certo de cada etapa; quando a peça está pronta para ser lixada, quando ainda é preciso esperar. Se é preciso fazer alguma alteração de temperatura ou umidade na caixa de reserva.


Enfim, existem muitos pontos de atenção. Eu fui ao Japão em 2018 para fazer meu primeiro curso de kintsugi, em Tokyo. Depois busquei cursos para me aperfeiçoar em detalhes avançados. Sempre trazendo de volta o material necessário para praticar.



Várias pessoas tem me procurado para ensinar a técnica e fazer reparos. Espero, em breve, poder atendê-los. Por enquanto, sigo quebrando e consertando minhas próprias cerâmicas até que esteja satisfeita com o resultado.




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